Vivendo no latente das terras escandinavas, onde há a aurora polar e a expressão satírica, verdadeira e profunda, antagônica aquilo que é bom, da forma cruel humana, expressada por grandes grupos e hordas, que habitam aquelas terras outrora banhada a ouro e glória, e rios de sangue, onde machados e espadas zuniam... Temos o Runemagick, uma banda que vive e respira underground.
Então, continuando a série de resenhas a respeito de grandes álbuns do underground que foram lançados antes da MG, a escolhida da vez é o Runemagick, uma banda sueca de death/doom metal, formada no início da década de 90. Com mais de 30 anos na estrada, após algumas mudanças no line-up, o grupo já lançou mais de onze álbuns de estúdio, sendo o décimo segundo, "Into Desolate Realms", lançado oficialmente em 2019.
Magia, escuridão, desgraça e o mundo de Lovecraft são a base do conteúdo lírico desses que, ano após ano, de seu reino solitário, longe dos olhos desatentos, lançam obras de qualidade incontestável.
"Dawn of the End" não é clássico, porém é memorável. Lançado oficialmente em 2007, com uma produção cristalina, "DOTE" é o registro de uma concepção preto e branco. A captura sonora expressa uma forma surrealista de algo fantasmagórico. O contraste, sem saturação, com pouca intensidade e brilho, todavia significativo, é o resultado de uma revitalização da proposta inicial, porém, claro, com a presença doom, fazendo união com o peso do death metal inicial dos primeiros que compunham a discografia desta que fez seu nome sem muito alarde.
Em sua essência, o disco é uma continuação dos trabalhos antigos, visto que ainda há aquela energia cinza. Uma mistura estranha, um tanto alquimista. Faixas como "Voyage of Desolation" são o que sobrou após um expurgo necessário para se atingir o apogeu almejado. Com a neblina pairando no ar, a escuridão arrastando sua capa por todo lugar onde há vida, tendo fortes ventos como música de fundo, é o palco de um pesadelo "Metalination", que com suas partes trêmulas, peso na medida e atmosférico, fazem até um 'hatedoom' ficar boquiaberto. Um Celtic Frost psicodélico? "Volcano Throne" é algo absurdamente inusitado. É um borrão, sujando a ausência de cor com pingos da união de todas as cores. "Chthonic Temple Smoke" é resultado da labuta. É, talvez, a que mais se destaca no álbum todo. Riffs maciços, sonoridade de desgraça e decadência, é o resultado do preto e branco, refletindo o amargor da prisão espectral.
"DOTE" só tem uma falha: uma introdução longa e, em certos momentos, desnecessária. Runemagick atingiu o inimitável. Sólido, é uma avalanche escura sobre o dia claro.
Se você gosta de algo estranho, lhe recomendo Runemagick.
Nota: 8,5
Dawn of the End foi lançado oficialmente em 2007; Em 2020 o disco saiu na versão nacional, limitado em 300 cópias, via Cianeto Discos.
Lista de faixas:
Line-up:
Nicklas Rudolfsson (vocal, guitarra)
Emma Rudolfsson (baixo)
Daniel Moilanen (bateria)
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