Resenha: Insomnium - Anno 1696 (2023) | METAL GARAGE

Que a Finlândia é terra de grandes hordas, todo mundo sabe. No entanto, que o Insomnium poderia superar seu lançamento de 2019... Bem, Anno 1696 (2023), demonstra que sim!
Para os eruditos da música pesada, essa talvez dispense apresentações. Mas, caso você seja novo, Insomnium é uma banda de Death Metal Melódico da Finlândia, em atividade desde 1997. 
Com nove discos na bagagem, o grupo liderado por Niilo Sevänen e Markus Hirvonen ataca novamente com mais um belíssimo trabalho, Anno 1696, sucessor do igualmente formidável Heart Like a Grave (2019).

Conceitual, Anno 1696 é um verdadeiro manifesto sonoro contra a religião e a superstição. O novo disco teve como fonte de inspiração um conto escrito por Niilo Sevänen (baixo/vocal), além da história, onde o exímio frontman discorre sobre os dias sombrios do norte da Europa, uma época de inquietação, de grande fome e julgamentos terríveis contra mulheres acusadas de serem bruxas — o que não é surpreendente, pois a fome muda o homem, e aliada ao fanatismo, acaba por instalar o caos e, posteriormente, o sofrimento.

"Os julgamentos das bruxas de Torsåker foram uma fonte horrível de inspiração de pesadelo", diz Sevänen. "Toda aquela conversa sobre 70 mulheres decapitadas nesta pequena paróquia sueca? É coisa real da história", ele continua. "E como se isso não bastasse, há também algumas histórias muito sombrias de canibalismo e assassinato de crianças nos anos da grande fome."


Com oito faixas e mais de cinquenta minutos de duração, somos levados por uma aventura folk, recheada de surpresas e mudanças pitorescas, entre o agridoce e turvos abismos de fendas infernais, pertencentes a um mundo à parte ao qual vivemos (uma era da qual só sobraram lembranças nos livros de história). "1696" é o que nos joga neste mundo de sofrimento secular, com uma bela introdução nórdica, nos preparando para o que vem a seguir; aí a bateria entra, o vocal... a atmosfera toma conta do ambiente e somos atirados em um turbilhão de passagens e riffs poderosos. Igualmente marcante é "White Christ", a qual conta com a participação de nada mais, nada menos, que Sakis Tolis (Rotting Christ). Em momentos mais calmos podemos notar a genialidade sonora das guitarras; Mas, quando o vocal retorna à cena, vemos que o que já nasce bom, pode ficar ainda melhor. Outra faixa que eu não poderia deixar de mencionar é "The Unrest". Sabe aquela música que você não lembra o nome, e pode nem saber a letra, mas que o instrumental aloca um espaço em sua mente e te faz imaginar o que talvez ela venha a significar? Pois é. Aqui temos um belo exemplo de algo do tipo.

Atenho-me aqui e não irei estragar, oferecendo mais spoilers. Deixarei a cargo do ouvinte saciar por si só a curiosidade que talvez venha a surgir.

Talvez eu esteja errado, mas, em minha opinião, acredito que o Insomnium é subjugado, não recebe o reconhecimento que merece, apesar de sua constância e qualidade sonora ao longo de mais de 25 anos. No entanto, esta banda não precisa provar mais nada a ninguém. Sua música fala por si só, e os verdadeiros fãs sabem que estão diante de uma força imparável do metal finlandês!

Anno 1696 foi lançado em 24 de fevereiro de 2023, via Century Media Records.

 

Nota: 9,0

Para saber mais, acesse:

Lista de faixas:
1. 1696
2. White Christ
3. Godforsaken
4. Lilian 
5. Starless Paths
6. The Witch Hunter
7. The Unrest
8. The Rapids

Lineup:
Niilo Sevänen (baixo/vocal) 
Markus Hirvonen (bateria)
Ville Friman (guitarra)
Markus Vanhala (guitarra/vocal)
Jani Liimatainen (guitarra/vocal)
Coen Janssen (teclados - convidado)



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