RESENHA: Requiem's Sathana - Requiem's Sathana - EP (2020)

O Requiem’s Sathana foi fundado em 2017 na cidade gaúcha de Novo Hamburgo, e reúne membros de bandas como Bloodwork, Exterminate e DyingBreed em sua formação, mas apesar de conter certas doses de death metal - certamente herdadas das bandas citadas anteriormente - não deve ser comparada com estas, pois sua música, embora tenha uma sonoridade única, é principalmente guiada pelo black metal. O projeto foi idealizado por Rex Mendax (baixista) e completado pelos experientes Rex Gutture (vocalista) e Rex Inferii (guitarrista); e lançou um único registro até então, o EP ‘Requiem’s Sathana’, do qual falaremos aqui.

‘Requiem’s Sathana’ chama a atenção pela ousadia. Embora a base do grupo seja o black metal, é um projeto que busca o experimentalismo. Por isso, é possível encontrar muitos elementos do doom metal e também do progressive metal, como apresentado na faixa de abertura, a épica “Legion”. Além disso, é possível notar influências de death metal, principalmente nos vocais - comumente alternados entre o gutural rasgado e o grave - e também na bateria (que é simplesmente veloz e brutal). No geral, é um som muito agressivo, com melodias penetrantes, riffs doentios e melancólicos que dão sentimento à música e criam um clima sombrio e obscuro; e até mesmo depressivo em alguns momentos.

Sabendo que a duração total do disco excede os 40 minutos, já é de se esperar que algumas músicas sejam arrastadas e cheias de variações de ritmo (são somente cinco faixas). As duas primeiras trilhas, por exemplo - “Legion” e “Perfect Silence” -, tem pouco mais de 10 minutos cada, o que deixa a audição um pouco cansativa em uma primeira impressão. Você meio que fica querendo avançar para a próxima música, mas a produção limpa, a qualidade musical e a técnica do grupo acabam impedindo o ouvinte de fazê-lo (e posteriormente acabam se viciando nelas). As linhas de bateria variam bastante também, mas a maior parte do tempo são violentas, rápidas e extremamente técnicas, como mostrado na faixa “Now It's War”. Daniel Vilanova (ex-DyingBreed, ex-Mental Horror) foi quem gravou as linhas de bateria do disco.

“Mordgier” é uma música peculiar. Ela contém alguns elementos de heavy e thrash metal (principalmente no solo de guitarra), ora mais melódicos, ora mais agressivos, mas sempre com muita técnica e precisão. A última faixa, intitulada “Requiem’s Sathana”, traz o grupo de volta à escuridão e às melodias obscuras das primeiras faixas, com vocais mais cavernosos, uma velocidade absurda e uma boa quantidade de palhetadas... A música acaba de forma repentina, certamente para deixar o ouvinte querendo mais - o que acaba funcionando de certa forma.

Embora seja rotulada como black metal, é difícil definir a Requiem’s Sathana simplesmente como tal. Alguns podem até falar que black metal tem que ser cru, sujo e tosco (e quando assim é, então é dito que é "mesmisse" ou imitação, vai entender!?), mas é algo que vai bem além de classificações ou rótulos, é simplesmente metal extremo (e de ótima qualidade, por sinal) que certamente vai agradar muitos fãs das artes negras, bem como fãs de death e doom metal.

Sendo assim, que venha o debut álbum!

Nota: 8,0

O EP ‘Requiem’s Sathana’ foi lançado no dia 30 de Abril de 2020 em formato CD pelo selo Cianeto Discos. O disco também teve lançamento digital e pode ser encontrado no Bandcamp da Cianeto.