LEASH EYE: banda de Southern Metal/Rock concede entrevista exclusiva ao Metal Garage


 
Boné, camisa xadrez flanela, caminhonete, calça jeans, bar de estrada, sexo, bebidas e botas de couro... O que lhes vem à mente? Sul do Estados Unidos? Ahh, passou longe! Bom, o visual sulista combina bem com os caras do Texas, Carolina do Sul, Tennessee... Porém, LEASH EYE é da Polônia!


Formada em 1996, em Varsóvia (Capital da Polônia), Leash Eye nasceu  quando o Grunge ainda estava fazendo sucesso nas paradas musicais do mundo todo; Não muito diferente das bandas de garagem que sugiram na década de  ’90, o grupo liderado por Opath, tentou seguir pelo mesmo caminho do som desleixado, porém vibrante, do Soundgarden e Pearl Jam; skate, vodka,  colegial e garotas? Hã... Não é tão ruim (risos).

Porém, por ironia do destino - ou por sorte do acaso - os olhos que  estavam atentos no que estava acontecendo em Seattle, ficaram semicerrados  e, avistaram outra coisa: Cowboys, Harley, Whiskey... Carros velozes; toda a  marca registra que define o sul dos Estados Unidos (América do Norte).

A partir daí, os músicos que outrora estavam focados na “atualidade”,  resolveram voltar alguns dígitos no tempo, e descobriram Kansas e Lynyrd Skynyrd. Agora eram Caminhões e Nascar, no lugar de skate e all star. O que antes era Grunge, agora é Southern Metal.  

Fazendo um som nada típico para um grupo de Varsóvia, unindo atitude, determinação e toda a influência que receberam do Blues, do Southern Rock e do Hard Rock americano, o grupo “Polamericano” já lançou quatro álbuns de estúdio; ambos muito bem produzidos, cativantes e de chutar o traseiro, carregados de blues e rock pesado.


Numa direção relaxada e atitude de estrada, LEASH EYE executa um rock livre e pesado, na mesma linha do que era encontrado nos clássico dos anos setenta/oitenta: Kyuss, The Quill, Black Label Society. Quem diria que uma banda da Polônia faria um rock nervoso, poderoso e legal? Aos fãs de Rock N’ Roll, da velha escola, do Airbourne, do Kansas, ZzTop... Leash Eye, se escutado com atenção, vira vício! Agora, caro leitor, lhe deixo com a entrevista exclusiva que o guitarrista Opath e o vocalista Łukasz Podgórski (Quej), concederam ao Metal Garage.

Segue o bate-papo: 


Certo, Leash Eye, vamos lá!
Metal Garage: Sobre o álbum mais recente, “Blues, Brawls & Beverages”, é indiscutível a evolução musical quando constatamos ao ouvir o disco e o comparamos aos anteriores da banda. Sobre essa evolução, como ela ocorreu? Beberam muito enquanto brigavam e escutavam blues, quando estavam produzindo o disco (risos)?
R: Opath: É muito bom que você tenha notado essa mudança. Isso significa que conseguimos comunicar o que queríamos. Se for sobre a quantidade de álcool que bebemos, estava dentro do normal. Normalmente não ouvimos muito blues, mas houve algumas brigas, mas apenas como uma discussão acalorada. Eu acho que foi a primeira vez, desde a existência do Leash Eye, que houve uma certa quantidade de disputas, em torno do resultado final do álbum.

Quej: Tudo o que Opath disse é verdade. Acho que essa evolução também foi efeito de novos membros na banda. Foi a primeira vez que gravei um álbum sem rosnar e gritar...


MG: “Blues, Brawls & Beverages” é o primeiro disco com o Łukasz Podgórski, e podemos perceber um grande entrosamento entre a banda quando escutamos o álbum. Como se deu o processo de escolher para preencher o posto de frontman? Vocês já o conheciam?
R: Opath: Nós conhecemos Quej quando ele era o vocalista do War-saW e Steel Habit, ambas bandas de thrash metal, mas o que mudou nossa visão dele foi a versão cover de “Show must go on” do Queen que ele gravou com o War-saW. Nosso tecladista, Voltan, gravou órgãos para eles e trouxe algumas amostras dos vocais de Quej. Nós ouvimos e depois disso começamos a pensar em como fazê-lo se juntar ao Leash Eye. Desse lugar, gostaríamos de agradecer ao Queen por essa faixa brilhante e, claro, encorajar todos os leitores a conferir este cover no YouTube.

Quej: Oh... eu me lembro do processo de me colocar na banda. Nós nos encontramos pela primeira vez com Opath em um show que eu estava tocando no War-saW... Eu acho que era 2015, mas posso estar errado. Ele veio com umaoferta para se juntar ao Leash Eye, mas daquela vez eu estava cantando em Steel Habit e War-saW, então entrar na terceira banda foi um absurdo para mim. Depois de algum tempo, Opath entrou em contato comigo e novamente tentou me convencer. Ele até enviou alguns rascunhos de novas canções. Decidi gravar alguns vocais sem sentido apenas por diversão e apenas para descobrir se consigo cantar do jeito que era necessário. E agora você pode ver como “acabou”...

MG: (Pergunta de curiosidade), quando escutei o “Blues, Brawls & Beverages” pela primeira vez, por alguma razão achei que vocês fossem russos (risos), mas assim que descobrir que vocês eram poloneses, fiquei boquiaberto! Como assim, banda de Hard/Southern Metal na Polônia?!
Demorei pra acreditar. Mas, me diga, como é a cena aí? A banda tem uma boa base de fãs no seu país Natal? A Polônia tem um histórico de produzir muitas bandas de Death e Black Metal (por isso minha surpresa).
R: Opath: Existem muitas bandas de stoner legais na Polônia, mas não tantas bandas de Southern Metal. Posso recomendar honestamente Death Denied ou J. D. Overdrive. Infelizmente para nós, algumas bandas de stone/doom metal se tornaram mais populares recentemente, por exemplo, Dopelord. Enorme população foi conquistada recentemente pelo pós-rock (Tides From Nebula) ou pela nova onda de black metal com Furia, Blaze of Peredition ou Odraza.

Quej: Acho que é bastante comum que as pessoas que ouviram o Leash Eye pela primeira vez possam ter a mesma impressão que você. Quero dizer “com certeza, isso não é polonês”. Mas essa é apenas nossa vantagem, porque significa que a música não tem limites e você pode soar e tocar como e o que quiser.

Blues, Brawls & Beverages (o álbum dos álbuns, lançado em 2019)

MG: Li em algum lugar que quando a banda iniciou suas atividades, tiveram uma fase Grunge. Essa informação é verdadeira? Se sim, como se deu o processo de mudança do Grunge para o Hard/Southern Metal?
R: Opath: Sim, é verdade. Éramos fascinados por Alice in Chains, Soundgarden e Pearl Jam. Então, nosso foco mudou para os estados do sul dos EUA. Para nós era uma causa muito mais interessante, exceto a música, havia coisas subculturais como motocicletas, carros, caminhões enormes. É claro que é um dos elementos cruciais da cultura pop nos Estados Unidos, que na Polônia nós conhecemos graças aos filmes americanos. Além disso, entrei para o Cortuption, que se diz ser a primeira banda polonesa de stoner.

MG: Nos vídeos oficiais disponíveis no YouTube, não pude deixar de notar nos patch colados no colete do Opath; Vi os logos do Slayer, Metallica e Pantera. Sobre isso (essas bandas) vocês costumam ouvir bandas com um som mais pesado do que o produzido pelo Leash Yey? De alguma forma, essas bandas são uma influência pra vocês?
R: Opath: Para ser honesto, hoje em dia eu não ouço muita música, mas todas as bandas nos patches que podem ser vistos no meu colete, são importantes para mim. O metal é a minha origem, na verdade venho de uma cidade onde havia duas stillwork.

Quej: Por causa da minha banda mãe, Steel Habit, eu sempre gostei mais do metal do que do rock clássico, então os gêneros musicais extremos são os que conheço muito bem. Eu gosto muito de Meshuggah, assim como Gojira. Mas estou acostumado a ouvir muito blues e pop também. Eu acho que um vocalista pode encontrar inspiração não apenas no gênero musical que sua banda está tocando, mas em uma ampla variedade de músicas. 

V.E.N.I (primeiro disco do grupo, lançado em 2009)

MG: Em algumas faixas do V.I.D.I, observei algumas coisas que me fizeram lembrar do Kansas e Lynyrd Skynyrd. Vocês costumam escutar essas bandas? Se sim, de que maneira a cena Norte-americana de Hard/Southern Rock/Metal influenciou na música do Leash Yey?
R: Opath: Nunca gostei dessas bandas, mas realmente respeito sua produção. Nós até tocamos o cover de Lynyrd Skynyrd “Simple Man” e de alguma forma estamos pensando em fazer um cover de Kansas “Carry on my wayward son”... Talvez um dia... Mas, voltando às influências. Sim, a música americana teve e ainda tem uma grande influência no Leash Eye.

Quej: Para ser honesto, eu também não era fã dessas bandas, mas depois de entrar para o Leash Eye descobri que elas podem ser uma ótima base para inspirações. Hoje em dia, eles aparecem com frequência na minha lista de reprodução do Spotify.

V. I. D. I (segundo álbum, lançado em 2011)

MG: “Blues, Brawls & Beverages” foi lançado em 2019, em 2020 o mundo “parou” por causa da Pandemia. O que a banda andou fazendo durante a Quarentena? Vocês costumam ensaiar muito? E como está sendo por Leash divulgar o álbum?
R: Opath: Honestamente, a Polônia ainda está em estado de pandemia e ainda estamos testemunhando novos regulamentos relacionados com o Covid-19. O último show que conseguimos tocar foi em outubro de 2020, mas antes disso começamos a compor e escrever músicas para o novo álbum. Durante a pandemia decidimos manter contato com nossos fãs e lançamos “Last Call”. Foi gravado com simulações de amplificadores de guitarra e bateria. Apenas os vocais e órgãos foram gravados tradicionalmente. Você pode conferir em nosso canal no YouTube.

Quej: Agora, em tempos em que não há chance de fazer shows, estamos totalmente focados em nosso novo álbum. Estamos gravando no horário de verão e o objetivo é lançá-lo o mais rápido possível.

MG: Certo, certo, agora me diga: Cerveja ou Whiskey?

R: Opath: Para mim, uísque. Com certeza.
Quej: Depende da ocasião, mas principalmente uísque ou vodka puro.

 
MG: Além do trabalho com o Leash Eye, vocês costumam praticar outras atividades?
R: Opath: Para todos nós, a música é como um passatempo sério. Todos nós fazemos algo para viver. Mas, exceto o trabalho diário e a música, todos nós temos alguns hobbies e interesses. Marecki é fotógrafo, Voltan adora jogar jogos de computador, sou fã de filmes de faroeste e Quej...

Quej: Sou um professor de inglês apaixonado pelo meu filho de 2 anos, então não tenho muito tempo livre para outros hobbies. Mas se tenho um pouco, gosto de filmes de terror e jogos de computador. E por cerca de 15 anos sou um grande fã da F1 e espero ansioso para assistir ao GP do Brasil este ano. Este ano comecei a treinar boxe e isso me deu muita motivação.
 
Marek "Marecki" Kowalski (baixista)

Piotr Voltan Sikora (tecladista)

Bigos (baterista)
 
MG: Já planejam em lançar outro álbum, agora que a banda tá contudo?
R: Opath: Ainda estamos pensando nisso, mas gostaríamos de lançar o novo álbum até o final de 2021.

MG: A primeira coisa que me chama atenção no Leash Eye é as capas dos álbuns. São muito bem trabalhadas e nos dão uma certa referência sobre o conteúdo musical. Vocês costumam se inspirar no quê na hora de criar e compor o conteúdo lírico da banda?
R: Opath:Exceto o primeiro álbum, a maioria das letras gira em torno de caminhões, bares, álcool e se divertindo. Mas não é verdade que o hedonismo é o único tópico que circulamos.

Quej: Sim, isso não é verdade. Estamos tentando abordar alguns tópicos mais sérios. Em “BBB” há uma música sobre PTSD, por exemplo.


MG: Enfim pessoal, terminamos por aqui. Sintam-se a vontade para usar o espaço e fazer suas considerações finais. Eu e equipe da Metal Garage, desejamos toda sorte do mundo pro Leash Eye!
R: Opath: Saudações a todos os fãs de metal no Brasil. Tome cuidado e fique longe do coronavírus e das pessoas más.

Quej: Tome cuidado e prepare-se, coisas boas do Leash Eye estão chegando. Lembre-se de conferir o canal no YouTube e nos seguir no Facebook.

Lista de álbuns:
V.E.N.I     - 2009     
V.I.D.I     -    2011     
Hard Truckin' Rock    -     2013     
Blues, Brawls & Beverages - 2019

Line-up:
Marecki    (baixo)
Opath    (guitarra)
Piotr Sikora    (teclado)
Łukasz Podgórski (vocal)
Bigos (bateria)

Contatos:
Site Oficial
Myspace
Facebook  

Fonte, fotos/imagens: extraídas do perfil da banda no Facebook/Metallum


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