AIRFORCE: Confira em primeira mão a entrevista exclusiva que fizemos com Tony Hatton, baixista da banda

"Apenas soamos como soamos, estamos em nossas mentes ainda naquele período clássico da NWOBHM"

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Provenientes das tabernas de Londres, Inglaterra, os anglo-saxões Dinossauros do Airforce, foram  alunos ávidos da cena NWOBHM. Tendo frequentado todas às aulas da Velha Escola do Heavy Metal  Britânico, a banda teve como professores grandes nomes do Metal Mundial.


Tendo sido formada oficialmente em 1986, mas só lançando seu primeiro álbum de estúdio trinta anos depois, o Airforce está com as baterias de seu avião recarregadas e prontos para decolar e conquistar aonde quer que forem.


Airforce - Judgement Day (2016)

Com uma nova formação, após incessantes trocas de vocalistas, movidos a cerveja e amor a música pesada, a banda em 2020 lançou seu segundo fulllenght, "Strike Hard".

Airforce - Strike Hard (2020)

Impedidos de colher os frutos deste mais recente trabalho e reclusos devido a Pandemia do Coronavirus, o Airforce vem planejando seus próximos ataques, bem como um possível novo álbum de estúdio, como também o primeiro álbum ao vivo (com lançamento previsto para o fim da primavera deste ano).

Longe de serem imitadores do antigo Heavy Metal clássico, o Airforce é uma banda “atrás do seu tempo”. Erroneamente comparados como banda cover de “outras músicas” do Iron Maiden, a gangue do Airforce sai dos pubs ingleses com suas canecas de cerveja em mãos, prontos para subirem ao palco e mostrarem ao mundo que, mesmo lançando seus primeiros trabalhos recentemente, eles também fazem parte da cena NWOBHM. 

Com mais de 35 anos de estrada, a banda ainda conta com os membros originais da primeira formação, na parte instrumental: Doug Sampson (bateria, ex. Iron Maiden), Tony Hatton (baixo) e Chop Pitman (guitarra); Depois de várias trocas de vocalista, em 2019 a banda recrutou pro seu front o Português Flávio Lino. Agora reformada, os britânicos se preparam para voar novamente.


Metal Garage: Olá, Hatton! Sobre o novo álbum, como está sendo pro Airforce divulgar seu mais recente lançamento?
Tonny Hatton: Acreditamos que está indo muito bem. Desde que o novo álbum, “Strike Hard”, foi lançado, em setembro de 2020, ele foi muito bem recebido. Nós sempre tentamos fazer promoções para alcançar um público mais amplo possível; Adoraríamos fazer uma turnê com o álbum para promovê-lo ainda mais, mas devido à pandemia global, as aparições ao vivo do Airforce não acontecerão até, pelo menos, o final de 2021.

Metal Garage: Sabemos que por causa do vírus que tomou conta do mundo no último ano, muitas bandas acabaram sendo afetadas. Airforce foi exceção ou também foi afetada? Se sim, de que forma?
O Airforce foi gravemente afetado pela Pandemia. Somos uma banda que adora se apresentar ao vivo com a maior frequência possível. Nossa turnê nos EUA em abril de 2020 foi cancelada. A turnê pelos EUA exigiu muito planejamento e despesas para ser organizada, portanto, o cancelamento foi um
grande custo para a banda. Também tivemos shows confirmados na Polônia, e festivais alemães e malteses cancelados. E é claro que teríamos feito muitos outros shows que estavam sendo planejados, senão fossem proibidos por causa da situação com o vírus (Covid-19).

Metal Garage: Uma pergunta que todo fã da nova geração quer saber é: por que o Airforce demorou tantos anos para finalmente começar a lançar álbuns?
A verdade é que não nos foi oferecido um contrato de gravação que fosse adequado naquela época; e com uma troca de vocalistas incessante, nossa formação não era consistente. Ainda demorou um pouco para encontrarmos o selo certo para assinar, desde que reformamos o Airforce —com os músicos originais Chop, Doug e eu—, em 2016.
A banda foi formada originalmente em 1986. No período de 1986 a 1990, gravamos algumas fitas demo que foram colocadas em um álbum intitulado “Don’t Look Back”, criado por Chop [Pitman] logo depois que Doug [Sampson] e eu deixamos a banda na década de ’90.
P. S. Don’ t Look Back, apenas algumas cópias deste raro álbum foram feitas (virou item de colecionado)

Metal Garage: Em Band of Brothers o Airforce contou com a participação de Paul Mario Day (o primeiro vocalista do Iron Maiden), vocês já se conheciam antes? Como foi que surgiu a ideia de convidar Day para gravar uma faixa?
Band of Brothers era para ser, e ainda é, uma faixa incluída no New Airforce Studio Album. Em janeiro de 2019, Paul Mario Day, o primeiro vocalista oficial do Iron Maiden, estava fazendo uma viagem especial da Austrália para o Reino Unido (onde ele reside atualmente), para se reunir com todos os primeiros membros originais do Iron Maiden, incluindo Steve Harris. Esta reunião foi organizada por Steve. Eu ainda não conhecia o Paul M. Day, mas Chop e Doug haviam conhecido Paul antes. Paul não voltou ao Reino Unido por mais de 20 anos, então, para marcar esta ocasião especial, um evento musical foi organizado pelo ex-roadie do Iron Maiden “Steve Loopy Newhouse” para comemorar a visita de Paul. Este seria um show no lendário “Cart & Horses” Pub, onde o Iron Maiden iniciou sua carreira. O Airforce foi convidado para tocar neste show com Paul M. Day como nosso vocalista. Aí fomos questionados se gravaríamos algo com Paul enquanto ele estivesse no Reino Unido. Tínhamos a música “Band of Brothers” pronta, então decidimos gravar esse single único com Paul M. Day. Decidimos juntar “Band of Brothers” com “Sniper”: uma música do Airforce de nosso EP “The Black Box Recordings, Volume 2”, que foi gravada tendo outro ex-vocalista do Maiden no vocal, Paul Dianno. Este foi lançado como uma edição limitada de CD Single A duplo. Os vocais de Paul Mario Day para Band of Brothers foram gravados no Steve Harris Barnyard Studios.

Doug Sampson, Paul Dianno e Chop Pitman

Metal Garage: Já no EP The Black Box Recordings: Volume 2 a banda contou com a participação de Paul Di’Anno (ex. vocalista do Iron Maiden e responsável pelos vocais dos dois primeiros álbuns da banda), como foi a experiência em trabalhar com Paul? Vejo que vocês já se conhecem há muito tempo.
A experiência de trabalhar com uma lenda como Paul Dianno foi fantástica. Eu não conhecia Paul muito bem até trabalharmos juntos no Sniper, mas somos ótimos amigos agora. Doug conhece Paul desde então e Chop conhece Paul desde antes do Maiden.

Metal Garage: E sobre a divulgação de “Strike Hard”, como tem sido a resposta do público?
A resposta do público tem sido incrível, estamos nas nuvens e agora estamos no caminho certo com o próximo álbum de estúdio.

Metal Garage: A banda planeja sair em turnê depois que o mundo estiver “seguro”?
Sim, retomaremos uma agenda lotada ao vivo assim que possível. Aceitamos novamente o convite para tocar no festival Headbangers Open Air, na Alemanha, que acontecerá no final de julho de 2021. Remarcaremos nossa turnê cancelada nos EUA assim que tivermos certeza de que ela poderá prosseguir, então vamos torcer para que a pandemia acabe no próximo verão.


Videoclipe oficial da música "Sniper" (com Paul Di'anno)


Metal Garage: Durante a Quarentena imposta pelo novo Coronavírus, o que o Airforce andou fazendo? Já cogitam em lançar outro álbum?
Como eu disse antes, agora estamos trabalhando em um novo álbum de estúdio, que esperamos lançar no final de 2021. Antes disso, temos um álbum ao vivo pronto que foi gravado em nosso programa na Radio Lublin, na Polônia, em março de 2019. Agora estamos apenas trabalhando no design da capa e do livreto. O título provisório do álbum é “Live Locked and Loaded”. Esperamos que a data de lançamento deste álbum ao vivo seja no final da primavera de 2021.

Metal Garage: Strike Hard é um excelente álbum! Lembra muito o som feito no período clássico da NWOBHM. A banda planeja continuar seguindo na mesma linha ou pretende se renovar em cada futuro lançamento?
Apenas soamos como soamos, estamos em nossas mentes ainda naquele período clássico da NWOBHM. Passei mais de 25 anos sem tocar (desde quando saí do Airforce em 1990), só voltei quando reformamos em 2016. Nós apenas continuamos de onde paramos, estamos em um Time Warp. Não tentamos um som clássico, esse é o nosso som.

Metal Garage: O Airforce e o Iron Maiden tem uma forte ligação uma com a outra, não só pelo fato da banda contar com Doug Sampson (ex. Iron Maiden) na bateria, mas também pela amizade fora dos palcos. Como você conheceu o Steve Harris? Já tocaram juntos alguma vez?
Chop e eu estávamos em uma banda chamada EL-34 antes do Airforce. Manter um vocalista regular a bordo sempre foi algo que nos atormentou, tanto no EL-34, como no Airforce, naquela época e agora, por uma variedade de razões, muitas delas causadas por esposas e namoradas. Isso aconteceu novamente por volta de 1985/86 quando nosso vocalista do EL-34, Paul Clarke, decidiu deixar o EL-34, então nos separamos. Em algum momento de 1986, Steve Harris do Iron Maiden (que era um amigo de longa data de Chop) apresentou Doug Sampson a Chop. Chop conhece Steve Harris desde o início dos anos 70, quando trabalharam juntos. Chop chegou a deixar Steve usar seu equipamento para formar o Iron Maiden e também para o Maiden usar nos seus primeiros shows. Doug havia sido baterista do Iron Maiden de 1977 a 1979 e havia deixado o Maiden por motivos de saúde, mas depois de um tempo ele já estava pronto para retornar à cena musical novamente. Chop conhecia Doug apenas vagamente até então. Steve, Doug e Chop fizeram um Jam juntos para apresentar Doug à Chop em uma situação musical. A sessão correu bem e Chop e Doug juntaram forças. Fui então chamado por Chop e nós três formamos o Airforce em 1986.

Steve Harris, Chop Pitman, Dave Murray e Doug Sampson

Metal Garage: Quando se escuta “Strike Hard”, é inegável o fato de que a banda acertou em cheio na hora de escolher Flávio Lino como vocalista. Flávio é português e vocalista de uma banda cover do Iron Maiden (Iron Beast), isso influenciou na hora da escolha? Como vocês se conheceram?
R: Lino [Flávio] veio com o Maiden Tribute Band Iron Beast para o Reino Unido para fazer um show no lendário Cart and Horses Pub, em Londres, conhecido como The Birth of Iron Maiden. O Airforce é frequentadora assídua do Pub — tanto como artistas quanto para ver outras bandas— e Chop estava no Cart na noite em que o Iron Beast tocou, e depois de ouvir Lino cantar, Chop conversou com ele e perguntou se estaria interessado em entrar pro Airforce. Lino veio para o Reino Unido algumas semanas depois para fazer um teste, e simplesmente nos surpreendeu com sua imensa habilidade vocal. Lino é muito talentoso, e todos nós nos damos muito bem com ele. Além de sermos colegas no Airforce, ele também é um grande amigo meu no que diz respeito a cerveja.

Metal Garage: Falando sobre o Airforce novamente, a banda já cogitou adicionar mais uma guitarra ao som da banda?
No período de 1989-1990, antes de eu deixar a banda, tínhamos o segundo guitarrista, Keith Haggis. Adicionar uma segunda guitarra desde que reformamos o Airforce em 2016 é algo que discutimos e tentamos várias vezes. Terry Rance, um dos primeiros guitarristas originais do Maiden, fez alguns shows com o Airforce como nosso segundo guitarrista, mas não conseguiu se comprometer a longo prazo, pois com todos os nossos shows em casa e no exterior, isso não funcionou. Ter uma segunda guitarra não é algo que consideramos urgente, já que na maioria das músicas só tínhamos uma guitarra, mas se a pessoa certa aparecer, estamos abertos para ter um segundo guitarrista no Airforce.

Metal Garage: Você cresceu bem no meio do movimento NWOBHM, além do Iron Maiden, há outras bandas que lhe influenciaram na sua forma de tocar e no som do Airforce?
Sim, eu cresci bem no meio do movimento NWOBHM. Eu vi o Iron Maiden tocar no Ruskin Arms e The Cart por volta de 1977-78. Doug Sampson era o baterista do Maiden naquela época. Mal sabia eu que alguns anos depois estaríamos juntos no Airforce. Eu fui influenciado por muitas outras bandas, assim como pelo Maiden, naquela época. Em nenhuma ordem particular: UFO, Black Sabbath, Scorpions, Budgie, Judas Priest, Accept, Alice Cooper, para citar apenas algumas das bandas maiores.

Metal Garage: Enfim, Tony, a Metal Garage lhe agradece pela atenção e por ter nos concedido esta entrevista. Fique à vontade em utilizar o espaço para as suas considerações finais. Novamente, obrigado!
Eu, em nome do Airforce, gostaria de pedir a todos os leitores que fiquem seguros, fiquem bem e, acima de tudo, fiquem com o Metal. Saudações a todos vocês. Tony Hatton (baixista do Airforce).


Fotos e Imagens, fonte: retiradas do perfil oficial da banda no Facebook



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