Uma década depois do lançamento do álbum de estreia “A Meia Noite Levarei Tua Alma”, os cearenses do BLASFEMADOR voltaram em 2021 para, literalmente, tocar o terror com o seu segundo full-lenght. “Cosmofobia” é um trabalho fantástico que aborda principalmente o horror na literatura, mais especificamente o horror cósmico. A própria capa faz referências à obras de H.P. Lovecraft, como os mitos de Cthulhu e outras criaturas do universo cósmico.
Para iniciar a fascinante e assustadora jornada de "Cosmofobia", "Re-animator" inicia o disco com sua introdução sinistra e sombria (no estilo ‘The Exorcist’ do Possessed), mas logo após o primeiro minuto, tudo desaba e o speed metal do Blasfemador ataca novamente com seus riffs rápidos, a bateria impiedosa e claro, fantásticas histórias cantadas em português. Quem assina a música é o novo guitarrista Igor Shredder. Escrita pelo baixista Lucas Herege, a letra foi inspirada pelo livro "Herbert West - Reanimator" do escritor americano H.P. Lovecraft, onde o personagem Dr. West fazia experimentos com cadáveres humanos na tentativa de trazê-los de volta à vida. O conto ganhou um filme de terror lançado em 1985, sob o nome "Re-animator".
“Fome Animal” já é uma das minhas músicas preferidas do Blasfemador. A essência do speed metal está contida nessa faixa, riffs empolgantes, rápidos, cheios de peso, e um solo incrível. Um verdadeiro massacre sonoro! Essa é uma das excelentes faixas deixadas pelo ex-guitarrista Rafael Dilacerador, antes de deixar a banda. Destaque também para as linhas de bateria de Romário Bruxo. Ah, o vocal diferente que, notavelmente, aparece no refrão é de James MacBain - vocalista da banda escocesa Hellripper. A letra de Fabrício Maleficarum em “Fome Animal” retrata os acontecimentos do filme de terror de mesmo nome lançado em 1992.
Iniciando a invasão ao nosso caótico e indefeso planeta azul, o baixista Lucas nos brindou com uma mágica e aterrorizante letra sobre invasão alienígena na música “Terror Extraterreno”. O Blasfemador mostra mais uma vez que é incansável e decidido, e em nenhum momento perde o fôlego. As linhas de baixo também ganharam um destaque de peso nessa faixa.
A faixa seguinte - “Epidemia, Fome e Morticínio” - foi lançada originalmente em 2014, no EP “Na Trilha dos Senhores do Horror”, mas, provavelmente, por descrever muito bem a caótica era pandêmica atualmente vivenciada por todos, acabou sendo regravada para incorporar “Cosmofobia”. E para deixá-la ainda mais interessante, o Blasfemador convidou Olof Wikstrand - da banda sueca Enforcer - para fazer uma breve participação nos vocais, cantando um pequeno trecho em português.
“Blasfemador Recrutando Demônios“ é aquela música para colocar no churrasco de domingo, beber uma cerveja gelada e torrar seus crânios ao som do bom e velho metal old school. Eu diria que é a faixa que mais nos remete ao álbum anterior, lírica e musicalmente.
Se pensou que os filmes de terror tivessem acabado, pode esquecer, pois uma criança amaldiçoada acaba de nascer. “A Filha das Trevas” retrata a história de uma garota que chega a um convento após a morte de seus pais e se introduz no mundo sobrenatural, participando de rituais, orgias e possessões diabólicas, espalhando o caos e o terror bem debaixo dos olhos de deus e seus servos. Essa faixa já havia sido lançada em 2019 no single “Ódio, Caos e Distorção” que, inclusive, ganhou um videoclipe que contém cenas do filme “Alucarda, A Filha das Trevas”, de 1977. Musicalmente, a diferença entre as versões é gritante em termos de qualidade - os vocais de Fabrício ganharam mais destaques e todos os instrumentos estão devidamente balanceados. Mérito para David Barroso e Victor Prospero, responsáveis pela mixagem e pela masterização do disco, respectivamente.
Na sequência, temos as faixas "Iconoclasta" e "O Despertar da Besta". A primeira é mais uma pérola do speed metal brasileiro, a letra já diz tudo: "riff assassino, letra nefasta"; e para completar conta com a participação de João Esteves (Jão), do Ratos de Porão, nos vocais. A segunda é uma faixa de interlúdio que faz uma espécie de ritual de invocação, é o chamado de Cthulhu, a besta do apocalipse do universo cósmico de H.P. Lovecraft.
Segundo Lovecraft, Cthulhu representa um mal tão ancestral e terrível que vislumbrá-lo levaria qualquer humano às raias da insanidade. Dito isso, contemplem a chegada de Cthulhu a este plano na próxima faixa - "Mal Ancestral". Assim como no álbum anterior, “Cosmofobia” soa totalmente old school em todas as suas músicas, com influências de black e thrash metal presentes nos vocais, riffs nervosos de guitarra e linhas agressivas de baixo e bateria.
“Estrada da Fúria” fecha o disco sem perder a agressividade ou a velocidade e faz valer a pena cada segundo do disco. Sem repetitividade, sem enrolação, sem remorso.
Onze anos de espera entre os full-lenght me fizeram duvidar sobre o caminho que seria traçado em “Cosmofobia”, mas, sem sombra de dúvidas, o Blasfemador superou as expectativas e mais uma vez confirmou ser um dos maiores nomes do speed metal nacional.
“Cosmofobia” foi lançado oficialmente no dia 25 de Março de 2021 pela Mutilation Records & Productions e, certamente, é um item obrigatório em qualquer coleção que se preze. A não ser, claro, que esta resenha tenha deixado você assustado demais. Nesse caso, meu caro, você está no lugar errado.
NOTA: 9,0
Faixas do álbum:
01. Re-animator
02. Fome Animal
03. Terror Extraterreno
04. Epidemia, Fome e Morticínio
05. Blasfemador Recrutando Demônios
06. A Filha das Trevas
07. Iconoclasta
08. O Despertar da Besta
09. Mal Ancestral
10. Estrada da Fúria
Para adquirir "Cosmofobia" em CD (Slipcase), acesse:
https://mutilationrecords.com/product/blasfemador-cosmofobia/
Formação atual:
Fabrício Maleficarum - Vocal
Lucas Herege - Baixo
Igor Shredder - Guitarra
Romário Bruxo - Bateria
Discografia:
Ataque do Metal Maníaco (Demo - 2009)
A Meia Noite Levarei tua Alma (Full-length - 2010)
Na Trilha dos Senhores do Horror (EP - 2014)
Ódio, Caos e Distorção (Single - 2019)
Re-animator (Single - 2021)
Cosmofobia (Full-length - 2021)
Para saber mais sobre o Blasfemador, acesse:
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