VULCANO: Entrevista | Zhema Rodero fala sobre "Eye in Hell" e dos preparativos para o seu sucessor | Metal Garage
O grupo, formado em 1981 na cidade Santos-SP, lançou em Março do ano passado o aclamado álbum "Eye in Hell" e já se prepara para entrar em estúdio para a gravação do seu sucessor.
Tivemos um rápido bate-papo com Zhema Rodero (guitarrista e fundador da banda) para falar um pouco sobre "Eye in Hell". Zhema também contou detalhes sobre as gravações do clássico "Bloody Vengeance" e revelou o título do novo disco, confira:
Por Jairo Silva
Metal Garage: Saudações Zhema. Bom, Gostaria dizer que é uma honra ter a oportunidade de entrevistar este grandioso nome do metal mundial, que é o Vulcano. Inicialmente, como está sua saúde, em meio a esta pandemia?
Zhema Rodero: Opa! Por aqui tudo bem, falando por mim, estou com atividades normais, vou para o supermercado, correio, dentista, buscar os netos na escola e, claro, para os botecos, evidentemente uso máscara, higiene pessoal e álcool na mão e no fígado também!
Metal Garage: Bom, vamos começar falando de “Eye in Hell”, o disco é destaque na mídia especializada e está em inúmeras listas de melhores de 2020. Qual a diferença, na sua opinião, de “Eye in Hell” dos últimos trabalhos do Vulcano?
Zhema: Eu não consigo ver diferenças a ponto de descolar esse álbum dos demais do Vulcano. Na minha mente funciona que sempre o próximo tem que superar o anterior e isso muitas vezes me põe medo ao compor algo novo porque fica aquela coisa de competir comigo mesmo. Eu creio que até então eu tenho acertado; percebo isso até mesmo no conceito por trás de sua pergunta. Eu espero que este próximo eu consiga superar o “Eye in Hell”. Por outro lado devo também dizer que outros álbuns anteriores a esta são muito bons também e eu curto bastante todos eles. E respondendo sua pergunta penso que uma boa parte dos riffs com uma produção moderada fez a diferença nesse álbum.
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| Capa do álbum "Eye in Hell" (2020) |
Zhema: O Arthur é um excelente artista, além de baterista ele é compositor e vocalista, então ele estava com um projeto, agora definitivamente uma banda, chamado Zeppers e Havia compromissos a serem cumpridos de ambos os lados e chegou um momento em que as agendas se sobrepunham, então era preciso decidir sobre qual banda seria a prioridade e ele preferiu sua própria banda. Eu penso que foi correto a escolha, afinal é um talento dele, uma obra dele. O Bruno eu conhecia “de vista” como se diz, e o Gerson o indicou para mim alertando que ele tocava em outras bandas também. Quando tive a oportunidade de tocar a primeira vez com ele, logo percebi que era o cara certo para o Vulcano. Devido ao intenso trabalho no inicio ele deixou as bandas que tocava e dedicou-se somente ao Vulcano. Eu posso dizer que dei muita sorte de ter encontrado o Bruno.
Metal Garage: A produção de “Eye in Hell” está impecável, o som ficou pesado e perfeitamente nítido. Pode nos contar mais sobre o processo de mixagem e da produção do disco? Você costuma se envolver no processo?
Zhema: Não! Eu não me envolvo na mixagem e masterização, confio isso ao Ivan Pellicciotti, mesmo porque estamos trabalhando juntos desde 2006. Eu divido a produção dos álbuns do Vulcano com o Ivan da seguinte forma - a composição e arranjos das músicas eu entrego à ele prontas, quando estamos gravando aceito todas sugestões dele, uma ou outra nós discordamos e nesse caso vale a minha, no pós produção sim nós interagimos o tempo todo porém sempre ele tomando a frente nas sugestões, contribuições, nova ideias, coisas assim e finalmente na mixagem e masterização ele faz tudo, não interfiro, as vezes peço um volume determinado instrumento aqui ou ali.
Metal Garage: Muitas bandas estão tendo dificuldade para trabalhar durante esse período de pandemia e isolamento. Isso, em algum momento, atrapalhou no lançamento de “Eye in Hell”?
Zhema: Não porque o lançamento já estava programado para 13 de Março de 2020 desde quando eu entreguei o álbum para a gravadora em outubro de 2019. Tivemos a oportunidade de tocar algumas músicas dele aqui no Brasil e durante nossa última turnê na Europa. Depois disso, nada!
Metal Garage: Vamos voltar um pouco no tempo e falar sobre o clássico “Bloody Vengeance”, lançado em ‘86. Pode comentar como foi a gravação, a recepção do público, na época, e quando vocês perceberam que ele se tornou um clássico do metal extremo mundial?
Zhema: O Bloody Vengeance foi gravado em apenas um final de semana em um estúdio, do qual não me recordo o nome, em São Paulo. Entramos lá no sábado de manhã e saímos domingo à noite. Todos os instrumentos de cordas foram gravados em um mesmo amplificador que eu tinha, um “DUO VOX 100B” da Giannini. Curiosidades é que estavam lá na noite de sábado o pessoal do Golpe de Estado e eu os coloquei para gravar a faixa “Voices from Hell” que por sua vez foi escrita poucos minutos antes ali no corredor. Quando fomos gravar a faixa “Bloody Vengeance” acendemos velas e apagamos as luzes, o técnico de som ficou apavorado. O álbum demorou para ser lançado porque era aquela época do plano cruzado que tudo só se conseguia com ágio e então nos faltava dinheiro para o papelão das capas. Houve duas tiragens em pouquíssimo tempo entre uma e outra e o Walcyr da Woodstock comprou uma das tiragens inteiras, então creio que foi bem recebido pelo público. Eu só fui perceber que ele tinha uma grande importância para a cena quando comecei a trocar correspondência com bandas da Escandinávia.
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| Zhema Rodero | Vulcano no Franca Metal Fest (24/08/2019) |
Metal Garage: Sobre o documentário “Os Portais do Inferno se Abrem: A História do Vulcano”, acredito que ele tenha reunido uma nova legião de fãs para a banda. Concorda? Como foi participar da experiência?
Zhema: O Vladimir Cruz e o Rodney Assunção me procuraram um determinado dia em nosso ensaio e me mostraram o projeto. No final da conversa eu lhes disse - ótimo, eu só não tenho dinheiro para bancar algo assim - e eles me disseram - não é preciso, você tem o mais importante, a história. Então eu lhes dei uma lista de cinco ou seis pessoas que eu acreditava que deveriam ser entrevistadas e os materiais gráficos de que eles precisavam. Eu não participei em mais nada naquela produção que não a entrevista que dei. Eu assisti o filme final com todas as pessoas que lá estavam.
Metal Garage: Qual trabalho do Vulcano você, particularmente, gosta mais?
Zhema: Para ser direto a sua pergunta: “Bloody Vengeance”, “Tales from the Black Book”, “The Man, The Key, The Beast” e “X I V”.
Metal Garage: Como está sendo a experiência do Vulcano em meio a ‘lives’ e eventos online? Estão participando?
Zhema: Nós temos participado na medida do possível. Eu tenho comigo que a banda tem que tocar ao vivo então essa coisa de ficar em casa ou mesmo em estúdio dublando CD tá por fora, tem que tocar de verdade e então isso gera custo porque temos que alugar estúdio, câmeras, edição etc. por isso fizemos poucas “lives”.
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| Vucano | Franca Metal Fest - SP (24/08/2019) |
Metal Garage: O Vulcano publicou em Dezembro do ano passado que faria o lançamento de um novo álbum, novamente pela Mighty Music, com previsão de lançamento para Outubro de 2021. O plano continua de pé?
Zhema: Claro! Começaremos as gravações nos dias 19, 20 e 21 de Março lá no O BECO ESTÚDIO em Curitiba. Meu plano é entregar dezesseis músicas para que a Mighty Music escolha nove ou dez . O nome do álbum é “Stone Orange” e a capa já está sendo produzida pelo Roberto Toderico baseada 100% nos temas do álbum. O lançamento está programado para outubro de 2021.
Metal Garage: Bom, gostaria de agradecer pela oportunidade. Use este espaço para deixar uma mensagem aos leitores e fãs do Vulcano. Vida longa a todos!
Zhema: Primeiramente obrigado pela oportunidade de levar as ideias por trás do Vulcano ao seus leitores e também comentar que este ano o Vulcano está completando 40 anos e além do novo álbum para comemorar esse evento estaremos lançando um DVD ao vivo de excelente qualidade de um show que fizemos no SESC Pompeia ao lado dos amigos do VAZIO e também um Vinil 12” “gatefold” com poster, patch e camiseta de nosso primeiro single “OM PUSHNE NAMAH”, de um lado do vinil as músicas originais e de outro as mesmas músicas executadas com o atual lineup.
Vulcano é formado por:
Zhema Rodero (guitarra)
Luiz Carlos Louzada (vocal)
Carlos Diaz (baixo)
Gerson Fajardo (guitarra)
Bruno Conrado (bateria)
Para saber mais acesse:
Site oficial: https://www.vulcanometal.com/index1.htm
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Fonte: Fotos retiradas do site oficial da banda (https://www.vulcanometal.com/index1.htm)
